quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Vacina russa para Covid-19 alcança eficácia de 92% em avaliação preliminar

A vacina Sputnik V, desenvolvida pelo Centro Gamaleya, estatal russa, demonstrou eficácia de 92% em prevenir a Covid-19 em análises preliminares. Pelo menos é o que afirma um comunicado à imprensa da entidade, nos moldes do anúncio feito recentemente pela Pfizer. Ou seja, sem a disponibilização de detalhes para a comunidade científica.

Segundo o texto, a eficácia foi averiguada em uma análise interina dos primeiros 20 voluntários incluídos no estudo de fase 3 que pegaram Covid-19. A maioria dos infectados estava no grupo placebo e não no que de fato recebeu o imunizante – a diferença foi de 92%. Este tipo de avaliação é feito antes da conclusão da pesquisa e, em situações graves como a de uma pandemia, até pode ser utilizado para solicitar a aprovação emergencial de uma vacina.

O problema: para dar credibilidade ao resultado, o número mínimo de infecções necessárias para começar a análise interina deve constar no protocolo do estudo desde o início. No caso da Sputnik V, ele não está disponível ao público. Pfizer, Moderna e AstraZeneca foram as únicas farmacêuticas a compartilharem os detalhes de suas pesquisas de vacinas contra a Covid-19.

Esse imunizante do Centro Gamaleya foi o primeiro a ser aprovado de maneira emergencial no mundo. Isso ocorreu ainda em agosto na Rússia, porém sem apresentar quaisquer informações sobre os estudos de fase 3. E é só quando essa etapa acaba, com dezenas de milhares de voluntários, que é realmente possível atestar eficácia e segurança de uma fórmula. Na ocasião, a liberação gerou críticas da comunidade internacional.

O desempenho da vacina Sputnik V, segundo o comunicado

O que estamos vendo agora é justamente uma prévia dos resultados da fase 3. No material à imprensa do Centro Gamaleya, é dito que mais de 16 mil pessoas receberam as duas doses da vacina, que usa uma tecnologia semelhante à desenvolvida pela Universidade Oxford, em parceria com a AstraZeneca. Ou seja, um pedaço do Sars-CoV-2 é inserido em um vetor viral (um adenovírus inofensivo), que é então injetado no corpo. Isso para o sistema imune reconhecer essa parte do coronavírus e, então, atacá-lo.

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A diferença é que a Sputnik V utiliza dois tipos de adenovírus, ambos circulantes em humanos. A fórmula desenvolvida pelos ingleses recorre a um só, advindo dos chimpanzés. Em teoria, a estratégia russa pode reduzir o risco de que uma eventual resistência do organismo contra o adenovírus atrapalhe a resposta à partezinha do Sars-Cov-2 escondida ali. A fase 3, prova final dessa teoria, pretende envolver 40 mil participantes em diversos países, como Venezuela e Emirados Árabes Unidos.

Nas aplicações feitas até agora, nenhum efeito adverso não esperado foi identificado. Algumas pessoas (a quantidade exata não foi divulgada) tiveram reações leves e curtas, a exemplo de dor local e sintomas gripais como febre, fraqueza, fadiga e dores de cabeça. A pesquisa continua até que os 40 mil voluntários sejam vacinados e o número de infectados pré-determinado seja atingido.

O Centro Gamaleya garantiu que irá publicar os dados preliminares da fase 3 em “uma das principais revistas médicas internacionais” e que, ao fim do estudo, “fornecerá acesso ao relatório completo do ensaio”. Os resultados de fase 1 e 2 estão disponíveis em artigo no periódico The Lancet. Até agora, há dados publicados de testes com 76 voluntários nas fases 1 e 2, mais os 20 infectados na análise interina da fase 3. A título comparativo, a vacina de Oxford incluiu mais de mil indivíduos na fase 2, e a da Pfizer divulgou sua análise interina com 64 casos confirmados de Covid-19.

Só vale ressaltar que as comparações entre as vacinas ainda têm pouca aplicação prática. No fim das contas, o que valerá mesmo é a conclusão da fase 3. Ou ao menos a divulgação da íntegra dos dados para apreciação de cientistas não envolvidos com o desenvolvimento do imunizante. Esse, aliás, é outro ponto fraco do anúncio da Sputnik V. A análise interina foi realizada pelo próprio Gamaleya – no caso da Pfizer, um comitê independente examinou os dados.

A vacina russa pode chegar ao Brasil?

O governo do estado do Paraná firmou parceria para trazer os testes da Sputnik V para esse lado do globo, mas ainda não submeteu o protocolo para as autoridades de saúde nacionais. O contrato também garante a fabricação da vacina no país. Já a Bahia fez acordo para comercializar 50 milhões de doses em território nacional.

Os russos afirmam ter recebido pedidos de compra de mais de 1,2 bilhão de doses por 50 países. Os acordos com parceiros internacionais permitirão a produção de outras 500 milhões de doses ao ano fora da Rússia. Mas tudo depende, é claro, da aprovação da vacina e dos resultados fase 3.

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Bem-vindo abacaxi! Conheça o rei dos frutos que abençoa nossa digestão

Olha que deliciosa coincidência marca o lançamento desta coluna. Parece até sorte de estreante. Não bastasse aparecer entre as primeiras palavras do dicionário — e a ideia aqui é brincar com o ABC para falar sobre inúmeros alimentos —, o abacaxi também representa boas-vindas.

Muito antes das caravelas europeias aportarem em terras americanas, os indígenas já colocavam o vegetal na entrada das moradias para receber os visitantes. Era um símbolo de acolhimento e amizade.

Diz-se que alguns estrangeiros adotaram o costume em suas casas. Nobres passaram a oferecer a iguaria como sinal de hospitalidade. Em mesas bem mais simples, e passados séculos e séculos, surgiu em forma de jarra plástica com aquele toque de aconchego, de casa da vó.

O abacaxi também já foi visto como ícone de riqueza. Daí que, em tempos coloniais, o fruto exposto na fachada refletia prosperidade. Inclusive, quem passeia sem pressa pelas ruas do centro histórico de Paraty, no Rio de Janeiro, dificilmente deixa de notar um sobrado antigo, todo adornado com figuras geométricas e uma porção de abacaxis sobre suas grades superiores.

Ao que tudo indica, foram os guaranis que domesticaram a espécie. Diante do sabor e da beleza, esses povos quiseram tê-la sempre por perto e assim começaram a cultivá-la. O abacaxizeiro tem sua origem no centro do Brasil e do Paraguai. Dali começou sua viagem pela América Central, alcançou o México e as Antilhas e seguiu para alçar a fama do outro lado do oceano.

Seu nome também é obra dos índios. Deriva do tupi-guarani, onde “ibá” significa “fruto”, e “cati” quer dizer “cheiroso”. Ninguém contesta. O aroma apresenta propriedades sensoriais incomuns, dificilmente obtidas por síntese química. Substâncias de nomes complicados, caso dos ésteres alílicos, estão entre as principais responsáveis pelo perfume.

Para os botânicos, trata-se de uma infrutescência, ou seja, um agrupamento de frutos. Ele é composto por um conjunto de até 200 pequenas bagas carnosas e cada um desses gomos surge a partir de uma flor. Já a famosa coroa é um tufo de folhas. Ela serve, inclusive, como muda para o replantio.

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O formato encantou os estrangeiros. Basta ver a descrição do frei português Antonio do Rosário (1647-1704), autor de Frutas do Brasil, obra que mescla natureza e ensinamentos religiosos: “Nasce com coroa como rei; na casca, que parece um brocado em pinhas, tem a roupa real; nos espinhos, como arqueiros, tem a sua guarda; pelas insígnias reais com que a natureza o produziu tão singular, de grande e formosa estatura, tem a forma digna de império…”.

Reinado nutricional

Se a coroa torna o abacaxi a majestade dos frutos, uma substância muito particular contribui para ele ser considerado um alimento sui generis. É a bromelina. Está presente em toda a sua estrutura, com grande concentração no cilindro central e é exatamente por causa dela que aquele talinho pinica a língua de algumas pessoas mais sensíveis.

Esse ingrediente, na verdade uma enzima, tornou-se famoso por interferir com as proteínas, quebrando-as. Na dose certa, pode compor marinadas, atuando como amaciante de carnes. Só não vale exagero porque o efeito é potente e os bifes podem até desmanchar.

No nosso organismo, a bromelina colabora para a boa digestão. Uma sugestão é apreciar algumas fatias de abacaxi depois do churrasco.

Ainda que existam variedades mais doces, caso do Pérola, a acidez sempre estará presente. Sem dúvida uma marca registrada, que faz toda a diferença na culinária. Desde sucos e drinks, como o gringo piña colada, até pratos de peixes e frutos-do-mar, passando por bolos, geleias, caldas, cremes e sorvetes, o abacaxi passeia pelas mais diversas preparações, emprestando seus perfumes e sabores.

Também incrementa o cardápio com doses de fibras, aliadas do intestino, e ainda oferta minerais como o potássio, além das vitaminas A e C, entre outros guardiães da saúde.

Reza a lenda que uma variedade do abacaxi teria poderes afrodisíacos. Seria justamente aquele que dá em Irará, terra do mestre Tom Zé. Por isso o compositor baiano dedicou uma música ao fruto. A ciência não atestou tal façanha, mas, de qualquer maneira, vale saborear a canção.

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Vacina da Pfizer contra Covid-19: o que tirar do anúncio de alta eficácia

Do mercado financeiro aos laboratórios de pesquisa, o mundo comemorou a notícia dada pelas empresas Pfizer e BioNTech de que sua vacina contra a Covid-19 demonstrou mais de 90% de eficácia em análise preliminar da fase 3, a última etapa de testes antes da aprovação. O número indica uma alta capacidade de prevenir o coronavírus.

A notícia é promissora, mas o número foi divulgado antes de a pesquisa alcançar um limite mínimo de participantes infectados (o que é importante, como falaremos adiante). E não houve uma apresentação dos dados para a comunidade científica, que poderia esmiuçar os métodos e as estatísticas. “Basicamente, é um indício de meio do caminho, que confirma que estamos indo na direção correta”, explica Natália Pasternak, microbiologista e presidente do Instituto Questão de Ciência. Claramente isso não significa a aprovação da vacina.

Para que a eficácia de um imunizante qualquer seja comprovada, os pesquisadores e o fabricante estipulam um número mínimo de infectados que o estudo precisa atingir na fase 3, quando dezenas de milhares de voluntários recebem a vacina ou um placebo. Quando esse limiar é alcançado, um comitê independente, ao qual os experts que conduzem os testes não têm acesso, analisa os dados e vê quantos indivíduos que pegaram o coronavírus estavam no grupo placebo e quantos receberam a dose real.

“Esse número deve estar previsto no protocolo, e nos dá poder estatístico para dizer que o resultado está de fato certo, e não é apenas uma coincidência”, comenta a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin. A eficácia da vacina da Pfizer será determinada pra valer quando ao menos 164 voluntários contraírem a Covid-19. O que está sendo divulgado agora é uma análise prévia, realizada com os 94 primeiros casos confirmados da infecção. E, de novo, esse número foi veiculado pela própria empresa, não por um artigo científico.

O estudo da vacina da Pfizer e BioNTech

Mais de 43 mil voluntários ao redor do mundo receberam duas doses da vacina até o dia 8 de novembro. Deles, 42% pertencem a etnias não-brancas  (a diversidade é um dos pontos positivos do trabalho). A análise dos primeiros 94 casos de Covid-19 concluiu que o número de infecções sintomáticas era 90% menor entre os que tomaram a vacina real.

A proteção foi verificada sete dias depois do recebimento da segunda dose e 28 dias após a primeira. Até agora, nenhuma reação adversa séria foi observada, mas a segurança só será realmente confirmada quando se passarem dois meses da aplicação da última injeção em ao menos metade dos participantes – marco que pode ser alcançado já na terceira semana de novembro.

A partir daí, se tudo der certo, a Pfizer solicitará a aprovação da vacina em caráter emergencial ao Food and Drug Administration Agency (FDA), órgão que controla o setor farmacêutico nos Estados Unidos. O mesmo deve ocorrer com a Anvisa e outras autoridades regulatórias no mundo.

A comunidade científica pede ainda outras informações, como sobre a capacidade de o imunizante impedir a transmissão (não só a manifestação de sintomas), de evitar casos especialmente graves e por aí vai. Só a continuidade dos estudos responderá a essas e outras questões.

Resultados da vacina impactam mercado financeiro

A fabricante se comprometeu a enviar, assim que possível, o material completo da pesquisa fase 3 para publicação em periódicos científicos. Aliás, esse é outro ponto de atenção: o resultado positivo foi anunciado via comunicado de imprensa, uma prática que se tornou mais comum durante a pandemia, dada a urgência do interesse público (e comercial) no assunto.

“Mas, quando você adota essa estratégia, o ideal é disponibilizar os dados para a comunidade científica avaliar o que eles realmente representam, porque estamos agora com a palavra da companhia, que tem um investimento enorme em jogo”, destaca Denise. “Estamos bastante otimistas, mas cautelosos”, completa.

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Como a Pfizer foi uma das três grandes farmacêuticas a abrirem seus protocolos de pesquisa em detalhes (junto com Moderna e AstraZeneca), a expectativa é de que o resultado se confirme. “Mesmo que, ao atingir 164 infectados, os 90% caiam um pouco, ainda assim será maior do que os 50% que estávamos esperando”, completa Denise.

Com a boa nova, o valor das ações da Pfizer subiu 8% nos Estados Unidos. As da BioNTech, parceira da farmacêutica, tiveram alta de 16% na bolsa de Frankfurt, na Alemanha. As empresas já disseram que não têm planos de realizar acordos de transferência de tecnologia, mas sim comercializar as doses aos países interessados.

Primeira vacina de material genético

Caso aprovada, a vacina da Pfizer será a primeira de seu tipo entre todas as infecções. Sua estratégia é utilizar o RNA mensageiro – a parte do código genético responsável por transmitir as informações do vírus para as células humanas. Nesse caso, a receita para fabricar apenas uma parte do novo coronavírus, a proteína S.

O método é considerado uma revolução na maneira de fazer vacinas. “Ele é rápido, barato e simples, com alto rendimento de doses por litro e alta capacidade de adaptação na fórmula, caso ocorra alguma mutação significativa no Sars-CoV-2”, explica Natália.

Não é preciso sequer manipular o vírus vivo no laboratório – basta adquirir seu código genético e copiá-lo. “É muito bonito de ver essa estratégia, que pode beneficiar a luta contra outros vírus, sendo testada com sucesso em humanos”, comenta a microbiologista.

Vacina de mRNA não altera o DNA

Por ser uma novidade, é natural que a tecnologia suscite dúvidas e acabe sendo tema da onda de notícias falsas que bombam na internet. As vacinas de mRNA e DNA (outra técnica que usa o material genético) foram acusadas de alterar o código genético humano e tornar as pessoas mais suscetíveis a doenças – em algumas teorias da conspiração, até de “apagar” o gene responsável pela crença religiosa.

A segurança da nova estratégia ainda está sendo avaliada, mas essa história de alteração genética não preocupa em nada os cientistas. O RNA injetado é rapidamente lido e degradado no citoplasma das células humanas, longe do núcleo, onde ficam bem guardados nossos genes, e não tem a capacidade de “conversar” com o nosso DNA.

A vacina da Pfizer virá para o Brasil?

Pergunta ainda sem resposta. Primeiro porque não há negociações em andamento com o governo brasileiro. Em nota, a farmacêutica afirma que ofereceu ao Ministério da Saúde uma proposta atualizada de fornecimento que permitiria imunizar “milhões de brasileiros”, mas ainda não obteve resposta.

A vacina precisa ainda ser armazenada em temperaturas muito baixas, de até 70ºC negativos. “Isso dificulta a distribuição fora das grandes capitais do Brasil, onde não temos essa infraestrutura disponível”, destaca Natália. Para contornar o problema, a Pfizer desenvolveu uma tecnologia para manter a vacina armazenada em freezer normal por até dez dias.

Por fim, a concorrência será grande. A Pfizer anunciou que pretende produzir 50 milhões de doses até o final de 2020 e até 1,3 bilhão em 2021. De acordo com levantamento realizado pela Bloomberg, mais de 280 milhões já foram negociadas com outros países, sendo Estados Unidos e Japão os maiores compradores.

Além da vacina em questão, em breve teremos resultados de outras que estão avançadas nos estudos, como a da AstraZeneca/Oxford, e a Coronavac, ambas testadas no Brasil. Por ora, é esperar para ver quando isso acontecerá.

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terça-feira, 10 de novembro de 2020

Brasileiro descuida do coração na pandemia do coronavírus

Os brasileiros passaram a cuidar menos do coração durante a pandemia da Covid-19. Essa é a principal revelação do estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD), com apoio da empresa Edwards Lifesciences, para a campanha “Unidos pelo Coração”.

A pesquisa acende o sinal vermelho especialmente por duas razões. Os cardíacos estão entre os pacientes que mais sofrem de complicações quando infectados pelo coronavírus. E, a despeito da Covid-19, as doenças cardiovasculares já se inserem entre as principais causas de morte no Brasil.

Para entender se os brasileiros estavam atentos ao coração, foram ouvidas em agosto 2 mil pessoas, numa amostra representativa e proporcional da população brasileira e com margem de erro de 2 pontos percentuais nos resultados. Mais da metade dos entrevistados (52%) afirmaram que deixaram de procurar ou evitaram, ao máximo, algum tipo de atendimento médico por causa do novo vírus. O medo de contágio e o temor de aglomerações foram citados como os principais motivos para deixar de lado a consulta médica.

Essa é uma atitude de alto risco. Independentemente da pandemia, dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) indicam que, diariamente, uma média de mais de 1 100 brasileiros vão a óbito por conta de problemas do coração e circulação. São números muito próximos da mortalidade por Covid-19 registrada no Brasil em julho, o mês mais crítico da pandemia, com médias diárias superiores a 1500 mortes.

O cruzamento dessas duas informações permite, também, supor a possibilidade ainda maior de subnotificação de casos de pessoas que, na pandemia, efetivamente padeceram de algum problema de coração e, ainda assim, evitaram procurar o médico.

Dos entrevistados pela pesquisa, 18% dos brasileiros tiveram sintomas típicos de doenças cardiovasculares, como dor no peito ou dormência no braço. Entretanto, 26% dessas pessoas sintomáticas retardaram quanto puderam a busca por atendimento médico e 24% delas simplesmente deixaram de procurar o hospital. Tudo por medo de contágio. Podemos imaginar, assim, que uma parcela considerável dos brasileiros tenha convivido calada com doenças novas ou pré-existentes, basicamente por receio de contrair o coronavírus ao sair de casa para fazer consultas ou exames.

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É ainda mais grave pensar essa realidade para as doenças cardiovasculares, cujo sucesso no tratamento é garantido com o alerta e a prevenção precoces e contínuos. Tal peculiaridade e o fato de cardiopatias estarem entre as comorbidades que mais acentuam o quadro grave de Covid-19 deveriam levar o brasileiro a se preocupar mais com a saúde do coração.

Em vez disso, a pesquisa do IBPAD descobriu que 67% dos entrevistados mudaram pouco ou moderadamente suas atitudes em relação à prevenção de doenças cardiovasculares. Até era esperado que os mais jovens fossem, disparadamente, os mais displicentes nesse sentido. Mas não foi o que revelou o estudo. Mesmo entre os entrevistados mais velhos, nas faixas de 45 a 59 anos e dos maiores de 60 anos de idade, o percentual de abandono dos cuidados não muda muito e ficou entre 67% e 64%, respectivamente.

A falta de cuidado e atenção dos brasileiros em relação às doenças cardiovasculares, infelizmente, é um mau hábito antigo e não restrito ao período da pandemia. A nova pesquisa mostra que as doenças cardíacas preocupam apenas 22% dos brasileiros, pouco mais da metade da porcentagem da primeira colocada no ranking, o câncer (47%). Também aponta que aproximadamente quatro em cada dez brasileiros sequer fizeram alguma consulta ao cardiologista na vida. E, entre quem já foi alguma vez a esse profissional, 60% disseram que a consulta ocorreu há mais de um ano.

Acrescenta-se ao cenário o fato de que muitas doenças cardiovasculares são ignoradas pela maioria dos brasileiros. Por exemplo, as doenças estruturais do coração, como o estreitamento da válvula aórtica, são desconhecidas por 85% do público.

Os robustos resultados revelados na pesquisa para a campanha “Unidos pelo Coração” exigem um olhar cuidadoso da comunidade médica, dos tomadores de decisão e das autoridades públicas de todos os poderes. É irrefutável: o país, que ainda luta para superar a Covid-19, sofre silenciosamente de doenças do coração.

* André Jácomo é diretor de pesquisa do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD)

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Pesquisa aponta cinco grandes tendências na alimentação dos brasileiros

Depois de se debruçar sobre mais de 83 mil posts e quase 20 mil matérias publicadas na internet, uma pesquisa realizada pelo BHB Foods e Suplementos, plataforma da consultoria Equilibrium Latam, e pela Decode, braço de inteligência de dados do grupo BTG Pactual, ilumina cinco grandes tendências na alimentação de parcela expressiva dos brasileiros. A análise, concluída em outubro deste ano, contempla conteúdos e menções feitos em redes sociais como Instagram e sites como Google News e YouTube.

O levantamento aponta movimentos entre os consumidores e a indústria alimentícia cada vez mais enraizados no país e que prometem crescer nos próximos anos. São eles: a ascensão da dieta plant-based, a procura por produtos clean label, a preferência pela proteína como ingrediente, o equilíbrio entre alimentação saudável e momentos indulgentes e o uso de suplementos.

O movimento plant-based

O termo em inglês faz referência a um cardápio mais baseado em vegetais. É uma das tendências em expansão lá fora e ganha força no Brasil. Abriga sob seu guarda-chuva adeptos do vegetarianismo e do veganismo, que vetam produtos de origem animal, mas também os flexitarianos, que procuram reduzir o consumo de carne e priorizar os vegetais.

Só no YouTube, segundo a pesquisa, o volume de visualizações de vídeos sobre dietas plant-based cresceu três vezes nos últimos sete anos — são mais de 900 mil views em 2020. “A sociedade está cada vez mais convencida de que, além de olhar para a própria saúde, precisa pensar na sustentabilidade. Muitas pessoas percebem que não é só a sua dieta que está em jogo, mas todo um sistema para alimentar o planeta“, avalia a nutricionista Carolina Godoy, diretora de transformação digital da Equilibrium Latam.

É dentro dessa proposta que, atentos inclusive às recomendações de estudos e especialistas, mais brasileiros passam a limitar o espaço da carne e de outros alimentos de origem animal, e abrir o prato e a despensa a frutas, legumes, verduras e produtos feitos com vegetais.

O estudo mostra que o interesse pelo veganismo decolou 941% nos últimos oito anos e cresceu a busca no Google por receitas como bolo vegano. O vegetarianismo também está na onda, com buscas se elevando em 20%. Nas redes sociais, o tema ainda vem cercado de dúvidas e emoções como revolta e satisfação. “Também precisamos lembrar que ser vegetariano não significa automaticamente ter uma alimentação mais saudável. Tem gente que muda o padrão alimentar, mas acaba ingerindo muito açúcar ou gordura”, pondera Carolina.

O apelo do clean label

Mais uma expressão gringa que tomou conta dos consumidores e da indústria de alimentos. Ao pé da letra, quer dizer “rótulo limpo”. “Ainda não há uma definição exata do que isso representa do ponto de vista regulatório. A ideia geral é a de um produto com menos ingredientes, sem aditivos como corantes e conservantes“, conta a diretora da Equilibrium.

O clean label traduz um sentimento em alta nos mercados: a busca por alimentos mais naturais e menos manipulados. Faz sentido: estudos associam o consumo excessivo de alimentos industrializados (sobretudo os ultraprocessados) a maior risco de obesidade, diabetes e outras doenças crônicas.

Eis uma tendência inclusive nos consultórios dos nutricionistas. “Fizemos uma pesquisa com esses profissionais e descobrimos que o aspecto mais determinante para a prescrição dos alimentos é a sua lista de ingredientes”, revela Carolina. É a máxima do quanto menos, melhor.

Segundo o trabalho da Decode e do BHB, o Brasil já é a terceira nação no ranking das que mais buscam por “clean label” na internet.

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Dá-lhe, proteína!

Não é de hoje que, entre os macronutrientes ela é a queridinha do público, deixando carboidrato e gordura a ver navios. As pessoas ligam o ingrediente a mais saciedade e músculos, pra começo de conversa. “A proteína já é culturalmente absorvida como algo que ajuda a ter saúde e boa forma”, nota a nutricionista.

No Google, mostra o levantamento, abundam buscas que remetem a esse universo: dieta à base de proteína, proteína de soja, ovo, whey protein… Mas o volume de visualizações de vídeos sobre o assunto no YouTube caiu 90% nos últimos quatro anos. Sinal, acredita Carolina, de que o tema já não é novidade para o brasileiro.

Ainda assim, a indústria não para de lançar produtos estampando na embalagem a quantidade ou o incremento de proteína. Barrinha, achocolatado, sopa… Praticamente tudo pode ser enriquecido com a vedete dos macronutrientes.

A pesquisa constata que as pessoas também caçam fontes proteicas alternativas, o que pode ter a ver justamente com o movimento plant-based. Com menos gente comendo produtos de origem animal, ganham evidência receitas à base de leguminosas, conhecidas no setor pelo termo “pulses” (lentilha, ervilha, grão-de-bico e companhia).

A doce indulgência

Outra tendência examinada pelo estudo é a dos chamados alimentos indulgentes. A corrente também tem nome em inglês mais famosinho: comfort food. A ideia aqui é recorrer ao alimento como uma fonte de prazer. Vale uma bomba de chocolate, um hambúrguer ou aquela receita caprichada de lasanha da vovó.

“Com a pandemia, observamos um aumento na procura por receitas saudáveis mas também de pratos mais gourmets”, diz Carolina. O desafio aqui é conciliar um cardápio balanceado com esses momentos abertos a alimentos gostosos, mas um tanto desequilibrados do ponto de vista nutricional.

No fundo, é questão de bom-senso. E, pelo que sugere o levantamento da Decode e do BHB, o brasileiro está cada vez mais antenado a isso: nos últimos três anos, cresceu a preocupação com produtos ultraprocessados e seus malefícios à saúde.

O boom dos suplementos

A venda desses produtos se ampliou na pandemia, com muita gente comprando vitaminas e afins em prol da imunidade. O levantamento, porém, focou em outra categoria que já vinha em ascensão e não deve parar: a dos suplementos esportivos.

Creatina, BCAA, maltodextrina, albumina e whey protein são os produtos líderes de audiência no meio digital — vídeos sobre eles somam quase 19 milhões de visualizações no YouTube entre 2012 e 2020. A maioria das pessoas quer saber na internet como usá-los (dose, horário, perfomance etc). E praticamente 60% está atrás deles para ganhar massa muscular. Entre os produtos que fazem sucesso no segmento fitness, chama a atenção a busca por snacks proteicos.

Embora a tendência possa refletir preocupação com o corpo, não deixa de despertar a atenção dos profissionais de saúde. “Muita gente vai atrás desses conteúdos e produtos sem procurar um nutricionista”, afirma a diretora da Equilibrium. A questão é que exagerar na dose ou ignorar a presença de doenças prévias pode levar a reveses — daí a sugestão de sempre falar com um especialista primeiro e não dar ouvidos a qualquer influencer por aí.

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O que significa a mutação do coronavírus em visons da Dinamarca

O primeiro-ministro da Dinamarca, Mette Frederiksen, anunciou ao mundo que o país detectou uma mutação do coronavírus que já teria infectado por lá cinco visons (animais que lembram doninhas) e 12 seres humanos. Especialistas observaram também que nossos anticorpos parecem ser menos sensíveis a essa nova cepa do vírus, o que pode representar um risco ao controle da pandemia. Inclusive porque o efeito protetor das vacinas em desenvolvimento poderiam não ser suficiente para conter essa variação mutante.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) foi prontamente notificada e milhões de visons de fazendas de criação da Dinamarca serão abatidos para controle epidemiológico. Mas será que esses animais, e o patógeno que circula entre eles, significam um risco à população do planeta?

Para responder a essa questão, precisamos entender o comportamento de um vírus. Quando esse agente infeccioso passa para um hospedeiro que não está acostumado com ele, pode tanto ser eliminado quanto sofrer uma pressão seletiva para se sair bem — o que gera mutações que seriam selecionadas e replicadas naquela espécie. Assim, o novo vírus mutante pode simplesmente não se adaptar e desparecer ou, pelo contrário, ganhar força e infectar esse e outros animais.

Por esse motivo é que é tão importante monitorar as espécies com quem o Sars-CoV-2 já teve algum contato. Esse trabalho torna-se crucial para que situações como a detectada na Dinamarca sejam descobertas precocemente e controladas com critério e rigidez, evitando a potencial disseminação global de um novo vírus.

Grupos no mundo inteiro monitoram diferentes animais para entender melhor o comportamento do coronavírus entre as espécies. E controles sanitários e epidemiológicos rigorosos como os tomados pela Dinamarca são cruciais para que a população seja protegida de maneira eficiente.

Nesse sentido, cabe lembrar que animais domésticos como cães e gatos por enquanto não representam riscos de transmissão do novo coronavírus para a população humana. Os raros relatos de infecção nessas espécies foram praticamente assintomáticos e não houve descrição de contágio para seres humanos. Em todo caso, isso reforça a necessidade de os veterinários atuarem junto às autoridades sanitárias para estudar e captar qualquer fenômeno suspeito.

Esse é um trabalho que ocorre lá fora e por aqui. No Brasil, estudos de monitoramento envolvendo diferentes espécies estão em curso, como relatamos por aqui, o que demonstra um esforço e atenção para melhor entender e prevenir esta e futuras infecções. O momento atual requer, sim, cuidados extras, mas não pânico. Nunca tivemos na história da humanidade uma união tão grande entre cientistas e profissionais de diversas áreas com o objetivo comum de conhecer e vencer uma doença. Confiemos na ciência.

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segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Segunda onda de Covid-19 na Europa: devemos nos preocupar?

Embora no momento o Brasil apresente uma queda no ritmo de novos casos e mortes por coronavírus, a segunda onda na Europa está deixando algumas pessoas de cabelos em pé por aqui. Países como Bélgica, França, Inglaterra, Itália, Áustria e Alemanha já decretaram novas medidas sanitárias, fechamento de alguns estabelecimentos, toques de recolher… Há até lockdowns sendo impostos outra vez.

Em meio a tudo isso, um estudo de instituições espanholas e suíças mapeou uma mutação do Sars-CoV-2 que vem se espalhando pela Europa. Será ela a causa do recrudescimento da pandemia no Velho Continente? E, se não, o que está por trás disso? Vamos responder essas questões.

O coronavírus mutante e a segunda onda

Antes de tudo, é preciso ressaltar que a pesquisa que encontrou essa mutação ainda não foi publicada em qualquer revista científica. Logo, não passou pela revisão de cientistas independentes, algo considerado importante para validar suas descobertas.

No texto do artigo, os pesquisadores batizaram essa nova linhagem do coronavírus de 20A.EU1. Apesar de ter surgido na Espanha no verão de 2020 (que ocorre entre junho e setembro por lá), ela já foi encontrada em outros países europeus.

Mas atenção: essa não é a única cepa entre os novos casos da segunda onda. No país ibérico, ela de fato representa 80% das infecções atuais. Por outro lado, é responsável por não mais do que 10 a 20% dos casos sintomáticos em outras regiões.

“Ou seja, essa mutação está convivendo com outras, o que mostra que não trouxe tantas vantagens ao vírus”, conclui o infectologista Celso Granato, diretor clínico do Grupo Fleury. De acordo com o especialista, quando surge uma variação que se espalha com muito mais facilidade, ela tende a tirar o espaço de suas primas, já que infecta os hospedeiros antes.

“Isso ocorreu com o próprio Sars-CoV-2 e a sua mutação mais famosa, a D614G”, diz Granato. É essa cepa que o tornou capaz de se espalhar pelo mundo e causar tantos estragos.

Conclusão: embora a gente ainda não conheça bem a nova mutação, ela não parece explicar a segunda onda europeia. Pelo menos não por si só.

Então o que causou a segunda onda?

A rapidez com a qual esse Sars-CoV-2 mutante saiu da Espanha para outros países indica, na verdade, que o isolamento social já estava frouxo na Europa. Ou seja, a reabertura poderia ter sido mais cautelosa, de acordo com os experts entrevistados.

Há um consenso de que, dessa vez, os deslocamentos dos jovens europeus favoreceram bastante a disseminação da Covid-19. A abertura de locais de trabalho e de bares e outros locais de entretenimento colocou essa turma na rua, favorecendo o alastramento do vírus. “As pessoas jovens se expõem mais. E isso foi agravado pelo hábito europeu de usar bastante o transporte coletivo”, descreve Granato.

Desse modo, a doença encontrou um foco de indivíduos suscetíveis. De acordo com Granato, a pandemia inicialmente pegou mais pessoas idosas na Europa. Em outras palavras, a grande maioria dos jovens ainda estava suscetível ao vírus — e viraram um alvo fácil ao se aglomerarem em bares, escritórios, cinemas etc. “A rigor, não era preciso uma mutação para provocar a segunda onda”, diz o médico.

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Ensinamento número um: o retorno às atividades deve ser feito com muita cautela e medidas de segurança, a exemplo do uso de máscaras e do distanciamento social. O infectologista Marcus Lacerda, da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), acredita que essa é uma das razões pelas quais não houve até o momento um repique intenso na Ásia em geral. “Os asiáticos têm uma cultura de uso de máscaras e álcool em gel, o que os ajudou a controlar o vírus mais rapidamente”, argumenta.

Tudo disso não significa que a reabertura deve ser cancelada por completo no Brasil. Lacerda e Granato reforçam que o importante seria retomar a economia precisa pautando-se nos dados atuais e com foco nas medidas que minimizam o risco de infecções.

A situação no Brasil

Os profissionais de saúde consideram que a Europa está dois meses na frente do Brasil na pandemia. Daí porque é importante observar o que acontece por lá para desenhar o melhor plano possível por aqui.

Ao mesmo tempo, existem diferenças a serem consideradas. A primeira é a extensão das terras brasileiras. Atualmente, há regiões do país em estágios diferentes da curva de infecções.

Há ainda a questão do clima: o Hemisfério Norte está saindo do verão e entrando no inverno. E infecções respiratórias em geral tendem a se disseminar mais no frio, porque as pessoas ficam aglomeradas em locais fechados. “O fato de nós estarmos entrando no verão pode nos beneficiar”, destaca o infectologista. Só tenha em mente que, mesmo no calor, cidades brasileiras já foram duramente afetadas pala pandemia.

Granato elenca outra particularidade: o número de pessoas expostas à Covid-19. Ele, aliás, participa de um estudo que vem calculando quantos paulistanos já testaram positivo para o coronavírus. “Em São Paulo, 26% da população foi infectada, em média. Em Manaus, 66%. Já Madrid, um dos epicentros europeus da pandemia, teve apenas 11% da população em contato com o vírus. Ou seja, há maior risco de ele encontrar novas vítimas em boa parte da Europa”, compara.

Mas isso não significa que devemos baixar a guarda: seguir higienizando as mãos, mantendo distanciamento social e usando máscara são medidas fundamentais para impedir a propagação do vírus.

Lacerda frisa que, em um momento como esse, é normal as autoridades precisarem por vezes retroceder em seu processo de reabertura. Se os casos caem, dá para flexibilizar um pouco. Já se começam a subir, é preciso apertar os cintos mais uma vez. “Falar desse abre-e-fecha dá uma impressão ruim, mas a estratégia de relaxamento precisa ser revista todo dia mesmo”, aponta o especialista.

Aquela mutação pode atrapalhar a vacina?

Não sabemos ao certo como a cepa 20A.EU1 do coronavírus (que já sofreu outra mudança na França, inclusive) altera o comportamento desse agente infeccioso. No estudo europeu, a mutação ocorreu em uma região do vírus chamada de spike, ou espícula em português. “É a anteninha do coronavírus, que ele utiliza para se conectar com as células do hospedeiro”, explica Granato.

O fato é que essa mesma estrutura foi empregada na confecção de algumas vacinas, como a de Oxford. “Mas é preciso lembrar que a alteração ocorreu apenas em um pedaço dessa proteína. Então ainda há chances do nosso sistema imunológico reconhecê-la”, contextualiza Granato. No mais, outras vacinas se valem de outras tecnologias, então não há por que entrar em pânico.

Mais importante de tudo: uma das pesquisadoras que descreveu essa mutação, Emma Hodcroft, acha improvável que ela inviabilize as vacinas em desenvolvimento.

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