segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Não podemos nos esquecer da pressão alta em meio à pandemia de coronavírus

No último mês de setembro, o mundo ultrapassou a marca de 1 milhão de mortos pela Covid-19, doença que, desde março de 2020, vem transformando o modo como vivemos em sociedade. No âmbito da saúde, enquanto muitos profissionais da área lutam para combater o avanço do coronavírus e salvar vidas, outros estão focados na tarefa de dar continuidade ao tratamento de doenças crônicas, caso da hipertensão.

A pressão alta afeta um em cada quatro brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde. Mesmo diante da necessidade de distanciamento social, o controle desse problema (e de outras doenças crônicas) precisa continuar.

A hipertensão aparece quando a medida da pressão arterial fica constantemente acima de 14 por 9 em repouso. A doença faz com que o coração tenha de exercer um esforço maior do que o normal para que o sangue seja distribuído corretamente pelo corpo. Considerada silenciosa, na maior parte dos pacientes ela não apresenta sintomas até que um órgão como coração, cérebro ou rim seja lesionado.

Por isso, a pressão alta é considerada um fator de risco para o desenvolvimento de eventos graves como infarto e acidente vascular cerebral (AVC), complicações que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), são a causa da morte de mais de 9 milhões de pessoas por ano. Se não bastasse, hipertensos, sobretudo aqueles que não se cuidam direito, fazem parte do grupo de risco para quadros severos de Covid-19.

É preciso esclarecer que, embora não tenha cura, a hipertensão pode ser controlada com tratamento e acompanhamento médico contínuos, capazes de manter a pressão em níveis adequados. Como na pandemia muitas pessoas deixaram de realizar esse acompanhamento por temerem a exposição ao vírus, o risco para o desenvolvimento de complicações cardiovasculares tem aumentado. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) calcula que, durante a Covid-19, houve um aumento de 31,8% no número de óbitos em domicílio por doenças cardiovasculares.

Nesse cenário, vale ressaltar que é muito importante seguir os protocolos de segurança contra o coronavírus, mas manter a rotina de consultas e exames. Para quem conta com plano de saúde, a telemedicina também aparece como uma opção segura. Outro alerta importante é em relação ao tratamento com remédios, que em hipótese alguma deve ser interrompido.

Se um paciente tiver dúvidas sobre a necessidade de alterar a dosagem de um medicamento ou achar que o mesmo não está surtindo o efeito desejado, não deve hesitar em procurar atendimento médico. É mais seguro comparecer ao pronto-socorro ou ao consultório cumprindo os protocolos de higiene e distanciamento do que interromper o tratamento e correr o risco de sofrer uma complicação.

Além disso, simples mudanças no estilo de vida também ajudam no controle da pressão arterial, como a prática de exercícios físicos, a manutenção de uma dieta saudável e uma vida livre do tabagismo. Também é importante monitorar as taxas de colesterol mais frequentemente, pois, assim como a hipertensão, ele é considerado um fator de risco para as doenças cardiovasculares.

* Fabiana Roveda é cardiologista e gerente médica do Grupo Novartis/ Sandoz do Brasil

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