terça-feira, 10 de novembro de 2020

O que significa a mutação do coronavírus em visons da Dinamarca

O primeiro-ministro da Dinamarca, Mette Frederiksen, anunciou ao mundo que o país detectou uma mutação do coronavírus que já teria infectado por lá cinco visons (animais que lembram doninhas) e 12 seres humanos. Especialistas observaram também que nossos anticorpos parecem ser menos sensíveis a essa nova cepa do vírus, o que pode representar um risco ao controle da pandemia. Inclusive porque o efeito protetor das vacinas em desenvolvimento poderiam não ser suficiente para conter essa variação mutante.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) foi prontamente notificada e milhões de visons de fazendas de criação da Dinamarca serão abatidos para controle epidemiológico. Mas será que esses animais, e o patógeno que circula entre eles, significam um risco à população do planeta?

Para responder a essa questão, precisamos entender o comportamento de um vírus. Quando esse agente infeccioso passa para um hospedeiro que não está acostumado com ele, pode tanto ser eliminado quanto sofrer uma pressão seletiva para se sair bem — o que gera mutações que seriam selecionadas e replicadas naquela espécie. Assim, o novo vírus mutante pode simplesmente não se adaptar e desparecer ou, pelo contrário, ganhar força e infectar esse e outros animais.

Por esse motivo é que é tão importante monitorar as espécies com quem o Sars-CoV-2 já teve algum contato. Esse trabalho torna-se crucial para que situações como a detectada na Dinamarca sejam descobertas precocemente e controladas com critério e rigidez, evitando a potencial disseminação global de um novo vírus.

Grupos no mundo inteiro monitoram diferentes animais para entender melhor o comportamento do coronavírus entre as espécies. E controles sanitários e epidemiológicos rigorosos como os tomados pela Dinamarca são cruciais para que a população seja protegida de maneira eficiente.

Nesse sentido, cabe lembrar que animais domésticos como cães e gatos por enquanto não representam riscos de transmissão do novo coronavírus para a população humana. Os raros relatos de infecção nessas espécies foram praticamente assintomáticos e não houve descrição de contágio para seres humanos. Em todo caso, isso reforça a necessidade de os veterinários atuarem junto às autoridades sanitárias para estudar e captar qualquer fenômeno suspeito.

Esse é um trabalho que ocorre lá fora e por aqui. No Brasil, estudos de monitoramento envolvendo diferentes espécies estão em curso, como relatamos por aqui, o que demonstra um esforço e atenção para melhor entender e prevenir esta e futuras infecções. O momento atual requer, sim, cuidados extras, mas não pânico. Nunca tivemos na história da humanidade uma união tão grande entre cientistas e profissionais de diversas áreas com o objetivo comum de conhecer e vencer uma doença. Confiemos na ciência.

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