quinta-feira, 9 de julho de 2020

Excesso de álcool aumenta os riscos de câncer e compromete tratamentos

Durante a quarentena, a Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead) observou um aumento de 40% nas vendas de bebidas alcoólicas. Os motivos podem ser inúmeros: estresse, ansiedade, preocupação, ou mesmo distração, principalmente através de encontros virtuais.

O consumo precisa ser responsável, já que o abuso traz muitos malefícios para o corpo. Além de depressora, essa droga está relacionada ao desenvolvimento de diversas doenças, inclusive o câncer. Tumores de boca, faringe, laringe, esôfago, estômago, fígado e intestino são mais comuns entre usuários de álcool.

A verdade é que mesmo baixas doses são tóxicas para o organismo — embora o exagero seja muito mais prejudicial. Não existe quantidade segura para o corpo. O álcool e os subprodutos de seu metabolismo, como o acetaldeído, podem ser classificados como carcinogênicos.

Um ponto importante é que os tumores relacionados ao consumo de álcool também são fomentados pelo cigarro. A combinação desses dois fatores potencializa o risco de câncer. Para reduzi-lo, é imprescindível controlar o consumo.

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Para pacientes oncológicos em tratamento, as bebidas alcoólicas são desaconselhadas, porque podem provocar diversos sintomas, como a alteração do hábito intestinal, náuseas, vômitos e diarreia. Isso, junto com os efeitos da doença e das terapias, compromete o bem-estar e a própria continuidade do tratamento.

Aliás, o álcool também pode interferir na absorção de medicamentos oncológicos que tenham sido utilizados via oral. Ele chega até a afetar a metabolização de tratamentos injetáveis. Ou seja, pode diminuir a eficácia ou exacerbar reações adversas da quimioterapia.

As estratégias mais eficientes para evitar o câncer ainda são reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas, não fumar, praticar atividades físicas, proteger-se do sol e manter a rotina de exames preventivos (como Papanicolau, mamografia e colonoscopia). A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc) disponibiliza em seu site materiais educativos de prevenção, que estão ao alcance de todos.

*Por Dra. Angélica Nogueira, diretora da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc) e Coordenadora do Comitê de Tumores Ginecológicos.

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