sexta-feira, 17 de julho de 2020

Os efeitos colaterais da pandemia

Sinto um incômodo quando ouço por aí expressões do tipo “o lado bom da pandemia é que…”. Diante de tanto sofrimento causado pelo vírus ou por suas repercussões no sistema de saúde, prefiro dizer que a situação que vivemos tem apenas efeitos colaterais. Uns são positivos, como a queda na emissão de poluentes e a rede de solidariedade armada para dar suporte a quem encara os desgostos da crise. Outros (a maioria, diga-se) são bem negativos.

Não estou falando do que o coronavírus em si apronta, mas das reações adversas que desencadeia em outras esferas da saúde física e mental. Chega a doer literalmente. Sim, explodiram as queixas e as buscas por soluções contra a dor de cabeça e nas costas com a pandemia. Culpa da vida mais confinada, parada, ansiosa e deprê que estamos levando.

Felizmente, os especialistas sabem identificar as origens do suplício e têm conselhos preciosos para prevenir ou eliminar as alfinetadas pelo corpo — assunto destrinchado pelo nosso repórter André Biernath na matéria de capa.

Outro efeito colateral terrível desta crise é seu impacto no diagnóstico e no tratamento do câncer. A agilidade na detecção e no início do contra-ataque à doença conta muitos pontos pela vida. Precisamos nos mobilizar enquanto sociedade — e, num país em que a maior parte da população depende do SUS, isso exige protagonismo do governo — para remediar os reflexos imediatos e vindouros da Covid-19.

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Até porque outros males continuam à solta a despeito do coronavírus. É o caso da dor crônica, das doenças cardiovasculares, do câncer… e do racismo. O movimento que se seguiu à trágica morte de um negro nos Estados Unidos reacendeu a necessidade de discutir e encontrar saídas para a discriminação. Inclusive porque ela faz mal à saúde, como aponta nesta edição a jornalista Maria Tereza Santos, ex-estagiária da redação e engajada na luta antirracismo.

Não são poucos os desafios nem seus efeitos colaterais. Tenhamos esperança e façamos nossa parte.

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