terça-feira, 25 de agosto de 2020

O lugar onde você mora conta pontos para viver mais e melhor

Não é de hoje que sabemos que o meio em que vivemos interfere com a nossa saúde. Mas temos cada vez mais evidências de que o ambiente e a comunidade onde estamos inseridos são um forte pilar para alcançarmos (ou não) uma boa longevidade.

A nova prova vem de um estudo interessante da Universidade do Estado de Washington, nos Estados Unidos. Pesquisadores analisaram índices como gênero, raça, nível educacional, vizinhança, meio ambiente e taxas de mortalidade na população acima de 75 anos desse estado americano. E concluíram que fatores como uma comunidade amigável, maior percentual de pessoas trabalhando e maior nível socioeconômico estão diretamente associados à probabilidade de se tornar um centenário.

O estudo reitera a noção de que há múltiplos fatores, muito além dos aspectos genéticos ou hereditários e dos cuidados clássicos com a saúde, que impactam em um envelhecimento saudável e sustentável. O contexto socioambiental é fundamental para que o idoso tenha mais chances de integrar o grupo dos longevos.

No Brasil, há muito a melhorar nesse sentido. Precisamos conscientizar a sociedade e as autoridades para que nosso país seja pensado e estruturado para o envelhecimento populacional. Isso passa por mudanças na esfera ambiental e social e por um trabalho contra o preconceito direcionado aos mais velhos.

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Cidades preparadas e adaptadas para as especificidades dos idosos, que prezam pela mobilidade, autonomia e assistência à saúde, contam pontos para alguém passar dos 75 anos com qualidade de vida. É o que também comprova o trabalho de Washington, que constatou que mulheres, brancos e pessoas com maior poder aquisitivo e nível de escolaridade tendem a viver mais — e aqui vale sublinhar a desigualdade de renda e acesso à saúde gerando uma desigualdade nos níveis de longevidade.

Os pesquisadores americanos apontaram, no mapa do estado de Washington, as áreas mais propícias a esse envelhecimento ideal. Eles as chamaram de “zonas azuis”, em referência a um conceito aplicado às regiões com maiores índices de longevidade do planeta, caso de Okinawa (Japão), Sardenha (Itália), Nicoya (Costa Rica), Icária (Grécia) e Loma Linda (Estados Unidos).

Em Icária, por exemplo, um em cada três habitantes dessa ilha grega no Mar Egeu vive pelo menos até os 90 anos. Seus moradores têm menos casos de demência e tendem a viver uma década a mais antes de desenvolver doenças cardíacas ou câncer.

À luz da ciência e dos comportamentos observados entre quem mora nas zonas azuis, podemos perceber que poucos locais no Brasil estão preparados para dar à sua população condições propícias a uma maior expectativa e qualidade de vida. Alguns pontos são nevrálgicos aqui, como a falta de assistência à saúde e a questão da mobilidade, sobretudo nos centros urbanos.

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Ainda não estamos preparados para a nova realidade demográfica no nosso horizonte, em que a maior parte da população será composta de idosos. Idosos que podem ser funcionais, independentes e produtivos. Pesquisas, feitas inclusive no Brasil, demonstram que, quando se sentem mais ativas, as pessoas vivem mais e melhor.

Para mudar o cenário antes que seja tarde, a solução é pensar na velhice antes de chegar aos 60 anos. Isso vale para o plano individual mas também para o coletivo. Educar para envelhecer e construir um ambiente adequado a isso deveria começar bem mais cedo.

Os estudos das zonas azuis, corroborados pelos achados de Washington em muitos aspectos, revelam os segredos para obter uma longevidade saudável. São eles:

  • Manter-se física e mentalmente ativo
  • Ter um convívio social
  • Adotar uma alimentação equilibrada
  • Costurar vínculos com a família e os amigos
  • Manejar o estresse
  • Cultivar propósitos de vida
  • Cuidar dos sentimentos e sentir-se bem

Se você reparar, são medidas simples e possíveis. E a verdade é que muitas vezes passamos a vida esperando soluções mágicas em vez de entender que o poder de envelhecer está bem em nossas mãos.



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