domingo, 18 de outubro de 2020

Câncer de mama: como a fisioterapia pode ajudar

Como se sabe, o mês de outubro é dedicado à prevenção e aos cuidados contra o câncer de mama, uma doença que, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), afetou só em 2020 mais de 66 mil mulheres. Isso corresponde a quase 30% de todos os tumores. Além disso, o problema está por trás de 17 512 óbitos neste ano — ou 16% do total de mortes por câncer no país.

Cabe salientar que o câncer de mama não afeta apenas mulheres. Cerca de 1% dos casos acometem o público masculino, isto é, a cada cem mulheres diagnosticadas, um homem pode apresentar a doença.

O tratamento da enfermidade é cada vez mais multidisciplinar. E, nesse contexto, o fisioterapeuta é um profissional importante porque age nas três fases da doença: a prevenção, a etapa pré-cirúrgica e o pós-operatório.

Na fase preventiva, esse profissional ajuda a orientar a adoção de hábitos saudáveis, como a prática de exercícios físicos e a busca por minimizar fatores estressores da vida diária, como a privação do sono ou o consumo de tabaco e bebida alcoólica. Também colabora recomendando uma medida extremamente relevante: o autoexame mamário, que não tem finalidade diagnóstica, mas ajuda a mulher a conhecer o próprio corpo e procurar eventuais alterações que exigem avaliação médica.

O Ministério da Saúde, através das Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil, preconiza que a faixa etária para ser submetida ao rastreamento com mamografia seja entre os 50 e 69 anos, repetindo o exame a cada dois anos. Segundo a instituição, os benefícios oferecidos pelo exame superam os riscos a partir dessa faixa etária — antes disso, além da exposição à radiação, há maior possibilidade de resultados falso-negativos ou falso-positivos. Em todo caso, é primordial que as condutas e tomadas de decisão sejam estabelecidas e discutidas individualmente entre as pacientes e seus médicos.

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O tratamento cirúrgico para o câncer de mama, dependendo do seu grau de gravidade, pode variar da extração de um nódulo ou até mesmo da retirada total da mama, que poderá afetar toda a cadeia de linfonodos (gânglios) próxima a essa região. Dessa forma, a paciente poderá vir a apresentar linfedemas (inchaços na área), desconfortos respiratórios e perda ou diminuição da capacidade funcional do membro superior do mesmo lado da mama retirada. Além das repercussões cirúrgicas, o tratamento com radioterapia e quimioterapia pode comprometer ainda mais esse processo.

A fisioterapia intervém aqui preparando a região a ser submetida à cirurgia, por meio de exercícios visando ganho de massa muscular, expansão torácica e fortalecimento do membro superior do mesmo lado da mama a ser removida, com a finalidade de minimizar as perdas funcionais. Em outra frente podemos trabalhar o aumento da capacidade respiratória, que é afetada pela cirurgia, causando desconforto à paciente. A fisioterapia atenua essas perdas e possíveis complicações decorrentes.

No pós-operatório, a fisioterapia vai agir em todas as sequelas geradas pela cirurgia: no surgimento de linfedema na região do membro superior, na redução ou perda da mobilidade, na dessensibilização da área, na perda de força muscular, na redução da capacidade ventilatória, além de ajudar na recuperação psicológica da paciente mastectomizada.

O fisioterapeuta lançará mão de diversos tipos de exercício de alongamento para os membros superiores e região torácica, pompages, exercícios passivos, ativos e resistidos para ganho de força muscular de membros superiores, técnicas e movimentos com a finalidade de redução de aderências das fáscias e melhora do processo de cicatrização… Enfim, atuará em várias frentes para aperfeiçoar e acelerar a reabilitação.

No Outubro Rosa, vamos reforçar e espalhar a mensagem para que as mulheres conheçam mais seu corpo e, diante de qualquer sinal ou alteração estranha, procurem um profissional de saúde.

* Márcio Renzo é fisioterapeuta e capitão do Corpo de Bombeiros de São Paulo

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