quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Incontinência urinária: tratamento médico faz toda a diferença

Você certamente já ouviu falar sobre incontinência urinária, ou seja, a perda involuntária de urina que pode acometer homens e mulheres de todas as idades e apresentar variadas causas. O problema tem cura na maioria dos casos e, em situações mais complexas, contamos com tratamentos eficazes, seguros e que mantêm (ou devolvem) a qualidade de vida.

A incontinência urinária pode ter sérias repercussões no dia a dia. Estudos apontam que pessoas com a condição enfrentam maiores níveis de ansiedade e depressão, sofrem com redução da produtividade no trabalho, encaram isolamento e reclusão ou afastamento de seus parceiros. Além da perda involuntária de urina em si, outro fator que pode levar a constrangimentos é o uso de fraldas e absorventes, que não raro causa desconforto, irritações na pele e gastos financeiros extras.

Mas, afinal, o que está por trás da incontinência urinária? Alguns fatores de risco são comuns a homens e mulheres, como o avançar da idade, diabetes, obesidade, doenças neurológicas e fatores hereditários. Entre as mulheres, que são as mais atingidas, podem contribuir questões como ter tido muitos filhos, queda de hormônios na menopausa e antecedente de cirurgias ginecológicas. Entre os homens, histórico de cirurgia de próstata para tratamento de um câncer é o principal fator envolvido. Mas devemos lembrar que, ocasionalmente, o problema tem a ver com infecções, pedras na bexiga e tumores.

Para averiguar a prevalência do problema no Brasil, um estudo epidemiológico recente investigou mais de 5 mil pessoas com idade acima de 40 anos, residentes em cinco grandes capitais, e revelou que 45% das mulheres e 15% dos homens apresentam incontinência urinária (mesma taxa encontrada em outros países).

Estima-se que, acima dos 70 anos, o risco de apresentar a condição seja de quatro a cinco vezes maior do que entre os 20 e 40 anos. Entretanto, a incontinência urinária não deve ser encarada como algo comum em nenhuma faixa etária, podendo ser tratada adequadamente na grande maioria dos casos com grandes chances de sucesso.

Com os avanços da medicina e da tecnologia, há uma série de tratamentos à disposição. O importante é que as pessoas deixem a vergonha de lado e procurem ajuda profissional — no caso, o urologista. O tratamento inclui mudanças comportamentais e de estilo de vida, como evitar o excesso de líquidos, realizar micções periódicas e controlar a obstipação e outros problemas clínicos, como diabetes e obesidade. Também pode envolver sessões de fisioterapia para o assoalho pélvico e a bexiga e o uso de diferentes medicamentos.

Em casos mais complexos ou que não têm boa resposta ao tratamento prévio, há a possibilidade de se optar por procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos. É o caso do implante de um marcapasso na bexiga, que, por meio de estimulação elétrica do nervo sacral, ajuda a normalizar a comunicação entre a bexiga e o cérebro, reduzindo os episódios de incontinência e proporcionando bem-estar e autonomia aos pacientes.

* Cristiano Mendes Gomes é professor livre-docente de urologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e chefe do Departamento de Disfunções Miccionais da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU)

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